sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Certas incertezas

Se a certeza fosse encurtar
os caminhos até você,
recuso então o certo
Pois passar por cada lágrima
cada sorriso desconfiado
cada pensamento desorientado
passar pelos olhares não correspondidos
pelas horas intermináveis de solidão
tão acompanhada de seu fantasma,
horas que só faziam aumentar o desejo
de estar junto
Passar pela lembrança
que confortava como brisa
e por aquela que destruía
como um temporal de verão
Passar por todas as músicas
todas a letras e melodias
que conversavam comigo
nos momentos que eu queria gritar
e não podia...
Passar pelos momentos em que gritei
em que soltei aos quatro ventos
o que sentia
Pateticamente às vezes... me expus
Passar por essa forma de gostar
clichê, piegas e tão minha
Por noites em claro
tentando de forma inútil
lembrar do gosto do beijo
do calor do abraço
de cada detalhe apaixonante
Passar pelos momentos de inspiração
de dedilhares incontrolados
que resultariam em um livro
Passar pelo desespero de já não
lembrar de sua face,
tentando caminhar ao contrário
fazer o tempo parar
O tempo, tão cruel
E aprender forçosamente
um sentido mais amplo
para o que sinto
é... o certo nem sempre faz jus a si
A certeza de que estaríamos aqui
impediria todas as minhas
experiências solitárias
Impediria a dúvida que me fez
questionar tantas vezes
tentando refutar, afastar
sem êxito a única certeza
que vale a pena ter:
a de que eu te amo...

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